Tracoma

Definição

O tracoma é uma infeção ocular bacteriana contagiosa que causa conjuntivite crónica resultante de infecções com certas estirpes da bactéria “Chlamydia trachomatis”. A caraterística distintiva desta doença é o facto de se caraterizar por surtos intercalados com remissões.

Afectando geralmente ambos os olhos, o tracoma começa por afetar a pálpebra e depois causa danos irreversíveis na córnea, levando à perda de visão. De facto, é a principal causa evitável de cegueira infecciosa no mundo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o tracoma é um grave problema de saúde pública em 42 países, razão pela qual existe um programa global de prevenção com o objetivo de o eliminar até 2030.

Sintomas

Os sintomas iniciais são uma acumulação de sangue na conjuntiva, denominada hiperémia conjuntival, que provoca inflamação e vermelhidão, inchaço das pálpebras, sensibilidade à luz e lacrimejo.

Após anos de infecções repetidas, o aparecimento progressivo de vasos sanguíneos na córnea interfere com a visão. Em casos graves, a formação de tecido cicatricial no interior da pálpebra faz com que a pálpebra se vire para dentro e as pestanas rocem no globo ocular. Esta situação provoca dores fortes e intolerância à luz. Se não for tratada, formam-se opacidades irreversíveis, levando à deficiência visual e mesmo à perda de visão. Esta situação afecta cerca de 5% das pessoas com tracoma, sobretudo as que têm entre 30 e 40 anos, exceto nas regiões endémicas onde estas deficiências podem ocorrer logo na infância.

Diagnóstico

O diagnóstico é geralmente clínico, baseado num exame médico dos sintomas e do aspeto do olho. Se necessário, pode ser confirmado por amostragem bacteriológica.

Prevenção

O tracoma é contagioso e pode ser transmitido pelo simples contacto mão-olho ou pela partilha de objectos contaminados, como toalhas, lenços de papel e produtos de maquilhagem. Por isso, é importante tomar todas as precauções para evitar estes modos de transmissão.
Os alojamentos sobrelotados favorecem a contaminação devido ao contacto estreito entre as pessoas. Por conseguinte, é necessário adotar uma higiene adequada.
O acesso a água potável reduz o risco de reinfeção, limitando a propagação da infeção através da lavagem regular da cara e das mãos.
Em algumas partes do mundo, as moscas que entram em contacto com os olhos ou com as secreções nasais de uma pessoa infetada podem transmitir a infeção. Por conseguinte, é importante eliminar os locais onde estas moscas se reproduzem.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o tracoma é um grave problema de saúde pública em 42 países, razão pela qual existe um programa global de prevenção com o objetivo de o eliminar até 2030.

Tratamentos

O tracoma é tratado com antibióticos, por via oral ou em pomada. De acordo com a OMS, quase 65 milhões de pessoas beneficiaram deste tratamento em 2021. Os antibióticos são muito eficazes, mas não evitam as reinfecções, que são frequentes. São também geralmente prescritos como medida preventiva a qualquer pessoa que esteja em contacto com pessoas que sofram de tracoma, uma vez que este é altamente contagioso.

Nos casos graves, em que a pálpebra, a conjuntiva ou a córnea são afectadas, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica. De acordo com a OMS, quase 70 000 pessoas foram submetidas a este tratamento em 2021.

Frequência

De acordo com a OMS, quase 2 milhões de pessoas em todo o mundo são cegas ou têm visão parcial devido a esta doença. Isto representa 1,4% dos casos de cegueira. Além disso, quase 125 milhões de pessoas vivem em áreas onde o tracoma é endémico.

Pessoas em risco

A doença ocorre principalmente em crianças, e em particular nas que têm entre 3 e 6 anos de idade, que são o principal reservatório da infeção. Isto porque as crianças mais velhas e os adultos têm menos probabilidades de contrair a doença devido a um sistema imunitário mais desenvolvido e a uma melhor higiene.

O tracoma afecta todas as regiões do mundo da mesma forma?
Não, algumas regiões do mundo são mais afectadas pelo tracoma do que outras. A África é o continente mais afetado e é aí que os esforços de controlo são mais intensos, mas outras regiões pobres em alguns dos países menos desenvolvidos, quentes e secos da América Central e do Sul, da Ásia, da Austrália e do Médio Oriente também registam um elevado número de casos.

Referências

conteúdo revisto e verificado em 16.01.2025

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